O fanzine Tchê chega em seu trigésimo ano de publicação alternatival, mantendo a estrutura de misturar artigos e quadrinhos. Apresenta os trabalhos de Laudo Ferreira Júnior (SP), Jeferson Adriano (MG), Bira Dantas (SP), Fafá Jaepelt (SC), Edgar Franco (GO), Rodrigo dos Santos (RS), Edenilson Fabrício (SP) e Henry Jaepelt (SC), além de ilustrações de Adão de Lima Jr (RS). Ton Marx (PR) e Lunyo Alves (DF).
A parte jornalística traz entrevista com Laudo, resenha sobre o show de David Gilmour, artigos sobre os bárbaros nos quadrinhos e adaptações cinematográficas recentes ligadas ao gênero e fecha com a tradicional Seção de Cartas.
“A Quem Interessar Possa”, de Laudo, é um dos destaques da edição. Com roteiro bem construído, diálogos instigantes e desenhos excelentes (o original é color) traz em suas três curtas páginas a marca indelével do autor. Na história, artista em crise faz uma reflexão do alcance e interesse de sua obra recém compilada.
“Nova Ordem Reloaded”, de Praxedes/Bira Dantas, é uma HQ de humor, nitidamente com um discurso social revolucionário ou de esquerda. Faz aquelas tradicionais críticas ao sistema capitalista, exploradores e, claro, o Clero, tendo como pano de fundo personagens em busca de uma sociedade mais justa, uma utopia igualitária. Tem momentos até engraçados e os desenhos de Bira são sempre agradáveis, mas o roteiro deixa a desejar justamente por esta visão socialista que acaba pesando a mão sobre o trabalho.
Maria Jaepelt tem um traço delicado e faz um humor leve, descontraído e por que não? Divertido!
“Gene Egoísta”, de Ciberpajé, explora, em uma linguagem poético-filosófica, todo o peso do egoísmo sobre o planeta e os seres vivos, uma condição que nos condena a um tipo de existência inferior e infeliz. Os textos são pérolas poéticas que chegam a um patamar confortador, reflexivo, uma marca e necessidade do autor em seus mais recentes trabalhos, os HQForismos. E pulsante também nesta HQ.
“Anjo Urbano em: Feitor da História”, de Rodrigo dos Santos, apesar de um tanto amador na arte, apresenta um bom roteiro, criativo, bem construído e com uma sacada interessante quando o herói é atacado pelo vilão da história, Lorde Bhaurus, O Intelectual.
“Carga”, de Henry Jaepelt, é a cara do Tchê. Presente desde a primeira edição, um dos precursores do quadrinhos poético-filosóficos, apresenta mais uma ótima HQ, explorando com a bela arte característica, a psicologia e seus dilemas.
Tchê segue firme na estrada e só temos que agradecer ao Denílson Reis por manter esta publicação tão importante para os quadrinhos brasileiros e os novos autores. O fanzine vai continuar, nos diz Denílson, e podemos esperar por mais boas novas neste ano comemorativo. Ainda bem!
Valeu Marcos!
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