O sucesso comercial dos
quadrinhos eróticos
Com o abrandamento do
Regime Militar no final dos anos 70, as editoras começaram a investir nos
quadrinhos eróticos. Primeiro a Grafipar, de Curitiba. Depois, a Press/Maciota
e a Nova Sampa continuaram a surfar no pornô. Emir Ribeiro, criador da Velta,
Michèlle a vampira, Nova, entre outros, também participou desta onda,
trabalhando muito na criação de aventuras eróticas..
Emir, que já trabalhava
com quadrinhos desde os anos 70, viu na abertura deste nicho a oportunidade de
publicar seus trabalhos. E criou então para a Grafipar os personagens
“Supermacho” (inicialmente chamado de “O Conquistador”) e “Fátima a Mutante”. O
primeiro teve efetivamente publicada duas HQs, mesma sorte não tendo Fátima,
pois a editora curitibana cerrou suas portas antes.
O contato com a
Press/Maciota surgiu através do editor Franco de Rosa, antigo fanzineiro e
correspondente há muitos anos. Nesta época, Emir começou a produzir muita
coisa. Afinado com o gênero “super herói”, o autor no início tenta colocar em
suas histórias eróticas conceitos desta linha, caso da transmorfa “Fátima a
Mutante”. Fátima tinha o viés fantástico e era mais afinada com o universo de
Velta. Inclusive, na trama, Fátima é meia-irmã da Camaleoa, inimiga da loura-detetive.
Ele fazia as histórias de forma a poder se retirar as páginas com cenas de sexo
explícito, sem que o conteúdo central sofresse danos ou ficasse
incompreensível. Justamente para reutilizar a série em futuras edições de
Velta. Mas a editora preferia personagens bem comuns, sem fantasia
super-heroística ou ficção cientifica, e por isso, pediu para retirar esses
itens das HQs.
A revista mais vendida da editora era “Close”, cujo protagonista
era um travesti. Ele, então, resolveu se impor um desafio de criar uma
personagem que superasse a Close nas vendas. No início, conjecturou utilizar
personagens já criados anos antes, como Doroti e Fátima, mas no fim acabou
criando uma personagem totalmente nova. Assim surgia “Adrian” pela Press.
E deu
certo. Ádrian caiu no agrado do público, e teve título próprio, só para ela.
Foi uma fase bem rentável para os autores brasileiros de quadrinhos. E também
para as editoras (logo a Press teria a companhia da Nova Sampa) que conseguiam
bons números nas vendas de seus títulos eróticos e com isso financiavam temas
diversos como FC, fantasia, western, terror, etc, apostas que infelizmente não
prosseguiram, devido a desentendimentos entre a direção, que levaria ao fim da
Press Editorial.
Esta edição da Atomic reúne todas as aventuras produzidas da
personagem. São treze HQs sendo a última (Fotos e Transas) inédita. Conheça o
universo de Adrian, a bissexual. Seus dramas, relacionamentos, decepções...
regado a muito sexo, claro. Emir Ribeiro é um cara fantástico, um autor criativo
que teve de transitar por todos os gêneros, como a maioria dos autores
brasileiros, agarrando com unhas e dentes as oportunidades que surgiam para
fazer quadrinhos, sua paixão. Foi um momento ímpar na história da HQB e que
deve ser lembrado. O legado da Press ainda é muito mal aproveitado e a
importância desta editora ainda terá o seu devido reconhecimento em prol dos
quadrinhos brasileiros
Ádrian a ninfeta bissexual
Emir Ribeiro
Edição Impressa:
218 páginas
14,8x21,0cm
capa color brochura com orelha
lombada e miolo offset 90g pb
R$ 49,59
Edição Virtual
218 páginas
EPUB
R$ 15,06
Pedidos:
Clube de Autores
https://www.clubedeautores.com.br/book/248648--Adrian#.Wmaw_LynG1s