Shima, como foi trabalhar e colaborar para três editoras
ícones da história da HQB: Vecchi, D'Arte e Press e com os editores Ota, Zalla
e Franco?
Foram mais editoras que as que citou. Depois de mais de uma década
(1964 – 1975) trabalhando com a estressante publicidade, a sensação do retorno
aos quadrinhos foi como entrar num oásis após extenuante caminhada por deserto
escaldante. Recomecei pela Ed. Noblet , ilustrando contos de R. F. Lucchetti
para a Vampirella, HQ só fiz uma com roteiro de Paulo Hamasaki (chefe de arte
da editora), e republiquei o “O Gaúcho” na revista Carabina Slim, que
anteriormente tinha sido publicada na Folhinha de S. Paulo. Depois, na Ed.
Vecchi, negociei com Ota a republicação da parte de meus clássicos dos anos 58
–64, outra metade foi para a Ed. Bloch, quando fui procurado pelo editor do
setor infanto-juvenil Edmundo Rodrigues. Este fez a proposta para eu desenhar a
série “A Múmia”, que tinha sido descontinuada pela americana Marvel. Por essa
época, Ota decidira reformular Spektro só com HQs nacionais de terror. O
sucesso foi grande, além das expectativas, o que o levou a criar mais dois
títulos: Pesadelo e Sobrenatural. Abriu-se um amplo espaço para novos e
talentosos roteiristas e desenhistas. Em 1977, surge a Ed. Grafipar, em
Curitiba, com a competente direção editorial do saudoso Cláudio Seto (ex-
Edrel), lançando vários gêneros de HQ erotizados: terror, crime, aventuras,
sexo, e ficção científica. Seguindo o exemplo da Vecchi, todo o material era
produzido por nós, brasileiros, e não deu outra, ocorreu novo grande sucesso de
venda em bancas. Em 1983, Franco de Rosa e Paulo Paiva fundaram a Press Editorial,
mas não produzi nada novo para eles, apenas cedi o direito de republicação dos quadrinhos
que já tinham sido editadas em Curitiba. Nessa época eu estava desenhando HQs
de terror para a revista Calafrio da Ed. D’Arte, do saudoso mestre Rodolfo Zalla.
A economia do País ainda cambaleava, devido à crise do petróleo de 1979, e com
meus filhos em fase escolar, comecei a viver forte aperto financeiro. Ainda em
1983, decidi aceitar um convite para retornar à publicidade, onde tinha deixado
uma boa reputação apesar de detestar essa atividade. Fiquei nela por outros dez
longos anos, até acabar demitido. Já estava com 55 anos, uma idade considerada
avançada nesse meio. Passei a fazer ilustrações e capas para livros das Ed.
Ática, Record, storyboards para agências e produtoras de comerciais, e desenhos
para manuais e cartazes de segurança para a companhia Esso de Petróleo. Em
1998, surgiu a Editora Opera Graphica de Carlos Mann e Dario Chaves,
oferecendo-me trabalhos de ilustrações de fascículos e criação de álbuns de
terror e samurais. Nesse retorno aos quadrinhos eu produzí em parceria com
Gonçalo Jr. um álbum para a Ed. Devir. Recentemente, eu e Márcio Júnior
lançamos “Cidade de Sangue”, um livro de HQ de mais de 100 páginas, toda desenhada
com ferro de soldar e maçarico sobre o papel térmico de fax (técnica totalmente
inédita).
Foi muito gratificante trabalhar com um roteirista muito
criativo e experiente como Julio Emílio Braz. Sei que ele às vezes se ressentia
comigo por eu costumar intervir algumas vezes em seu texto, mas também fiz isso
com outros roteiristas famosos ou não: Pergentino, Hélio Porto, Cotrim, Gedeone,
Lucchetti, Ribeiro, Fischer, Carlos Magno, Padrella, Aguiar, como fazem a grande
maioria dos cineastas. Quando você põe a mão na massa e começa a esboçar a sequencia
de uma cena, tem-se a real noção do ritmo ou timing da narrativa de uma HQ. As
vezes, fica evidente que a fala do balum soa redundante, anulando o impacto da
ação de determinado personagem. Retomar a parceria? Atualmente ando pouco motivado com
quadrinhos, e vários projetos estão dormindo na minha gaveta. Quem sabe, um dia o meu gás retorne com pressão?
Shima obrigado pela oportunidade de publicar teus trabalhos, já é a segunda
parceria Shima-Atomic-Quadrante (Sombras Completo foi a primeira) É um prazer
enorme mergulhar na tua obra e espero voltar a parceria em breve, aquele
abraço!!!
Eu que lhe agradeço pelo excelente trabalho de resgate e edição
da coletânea CONTOS DE HORROR! Nota mil! Obrigadão / SHIMA
Pedidos Contos de Horror: atomiceditora@gmail.com
Shima,Como sempre, objetivo e bem elucidativo... espero que ele volte com todo o gás!
ResponderExcluirEste gênio dos quadrinhos brasileiros, que sempre nos surpreende com novos trabalhos. Viva Mestre Shima, hoje e sempre!
ResponderExcluirGrande Shima, privilégio de ter trabalhado com o homem e profissional deste calibre!!!
ResponderExcluirLi muito o Shima em Spektro e Pesadelo. Saudades!
ResponderExcluirJá me correspondi por carta e faz tempo que trocamos e-mails. Também vejo bastante a arte dele na revista Quadrante Sul.
ResponderExcluirGrande artista e ótima pessoa.